Que o digital tem impactado profundamente o mercado imobiliário todo mundo já sabe. Algumas inovações, porém, prometem revolucionar a forma como imóveis são comercializados, o que é de interesse indiscutível de imobiliárias e corretores. Uma das tendências mais marcantes desse movimento é a tokenização de imóveis, fortemente impulsionada pela tecnologia blockchain e pelo uso de smart contracts.
Essa inovação já é uma realidade em outros países e vem ganhando escala no Brasil, abrindo novas oportunidades para investidores, incorporadoras e, principalmente, para imobiliárias e corretores, que desempenham um papel essencial e devem ser protagonistas na expansão desse mercado. Quem não se atualizar e entender esse novo modelo corre o risco de ficar para trás.
O que é a tokenização e como funciona?
A tokenização consiste na conversão de um imóvel em ativos digitais, chamados tokens, que são registrados em uma blockchain. Cada token representa um imóvel ou uma fração dele, permitindo que seja negociado de forma ágil e acessível. Essa dinâmica facilita o investimento no setor, já que pessoas que antes não tinham capital suficiente para adquirir um imóvel inteiro agora podem investir pequenas quantias e se tornar coproprietárias de empreendimentos imobiliários. Isso, inevitavelmente, democratiza o acesso ao mercado, que ficará mais dinâmico e inclusivo.
A operacionalização desse processo passa pelos smart contracts, contratos digitais autoexecutáveis que viabilizam segurança e transparência às transações. Com regras pré-estabelecidas e programadas na blockchain, há a redução de custos e minimização dos riscos de fraudes ou discussões judiciais. Esse modelo não apenas simplifica as transações, mas também acelera o processo de compra e venda de imóveis, algo que no modelo tradicional, por mais ágil que os agentes sejam, ainda pode ser um gargalo.
Vantagens e desafios da tokenização
Os benefícios da tokenização são incontáveis. Para quem pensa em investimento e retorno, a principal vantagem está na liquidez, já que os tokens podem ser negociados rapidamente – 30 segundos -, diferente dos imóveis tradicionais, que possuem um ciclo de venda mais lento. Além disso, os custos de transação são reduzidos, pois muitas burocracias desaparecem, tornando as operações mais baratas e eficientes. Outro ponto positivo é a transparência: como todas as transações são registradas de forma imutável na blockchain, há um nível elevado de segurança para compradores e vendedores.
Apesar de seu enorme potencial, a tokenização de imóveis também apresenta desafios. Um dos principais é a regulação, ainda inexistente ou incipiente no Brasil. Hoje, startups que atuam nesse setor buscam enquadrar suas operações dentro das normas existentes, com o “bloqueio” da matrícula imobiliária cartorial tradicional através de um token. Além disso, há uma barreira cultural e educacional: muitos investidores e profissionais do mercado ainda não compreendem completamente essa inovação, o que pode retardar sua adoção em larga escala. Outro ponto de atenção é a incerteza do mercado cripto, que pode afetar a valorização dos tokens imobiliários.
A tokenização no Brasil e o impacto do DREX
Mesmo diante desses desafios, a tokenização já começa a se consolidar no mercado imobiliário brasileiro. A notícia que se tem é que algumas incorporadoras já estão andando com projetos para lançar empreendimentos nos quais parte das unidades será tokenizada, permitindo que investidores comprem frações desses imóveis ainda na planta.
Outro fator que pode acelerar a adoção da tokenização no Brasil é o DREX, o real digital que será lançado pelo Banco Central. Como uma moeda digital oficial do país, o DREX facilitará transações eletrônicas e poderá ser integrado ao mercado de ativos tokenizados: mais segurança jurídica e operacional para esses investimentos. A chegada dessa nova infraestrutura financeira certamente será uma mudança de paradigma e definirá a popularização da tokenização imobiliária no Brasil.
Oportunidades para corretores e imobiliárias
Casos recentes demonstram como essa tendência vem crescendo. A startup Netspaces, por exemplo, em 2024, anunciou um plano ambicioso para expandir sua plataforma de tokenização para 100 cidades brasileiras. O setor imobiliário internacional também já permite a compra de imóveis utilizando Bitcoin e outras criptomoedas. No entanto, é preciso considerar as opiniões divergentes: alguns especialistas alertam que a tokenização pode criar desafios jurídicos, comparando-a a uma versão moderna dos “contratos de gaveta”, com riscos que ainda precisam ser avaliados com cautela, em razão da precariedade do formato.
Diante desse cenário, corretores e imobiliárias precisam se preparar. O mercado imobiliário está em constante evolução, e a tokenização representa uma completa revolução na forma como os negócios serão conduzidos e, é claro, intermediados. Para não ficar para trás, é essencial investir em capacitação, entender como funcionam as transações baseadas em blockchain e buscar parcerias com startups especializadas, garantindo que possam oferecer esse tipo de produto para seus clientes. Muito em breve os clientes perguntarão aos corretores se eles trabalham com imóveis tokenizados. E aí, você está pronto para essa pergunta?
A tokenização de imóveis não é mais uma projeção futurista — ela já está acontecendo. Quem souber se adaptar e explorar esse novo modelo de negócios poderá estar na fronteira e conquistar um diferencial importante. O futuro das transações imobiliárias está sendo reescrito, e a hora de se mexer é agora.




